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Como estão os hospitais da Venezuela que atendem pacientes com COVID-19: Os hospitais de Anzoategui

  • Foto do escritor: Josué Silva Abreu Júnior
    Josué Silva Abreu Júnior
  • 2 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 4 de jun. de 2020

Este é o primeiro texto de uma série que pretende cobrir todos os 46 hospitais da Venezuela designados para atender pacientes de COVID-19. Diversos portais da grande mídia desconfiam dos números oficiais divulgados pelo governo bolivariano e realizaram reportagens críticas antes mesmo que o coronavírus chegasse em território venezuelano. Escrevi três artigos que foram publicados pelo jornal Brasil 247 em uma linha editorial distinta, abordando as diversas medidas adotadas pelo governo de fato que garantiram uma baixa taxa de contaminação e mortalidade até aquele momento. Em um dos artigos abordei igualmente as tentativas de incursão armada na Venezuela, quando o coronavírus já circulava no país. O estudo sobre os hospitais será confrontado com as pesquisas realizadas pelo Congresso Nacional Venezuelano, opositor ao governo, assim como os estudos divulgados pela organização Human Rights Watch e pela imprensa com linha editorial crítica ao governo Maduro. Os primeiros hospitais a serem abordados estão localizados no Estado de Anzoategui.

No Estado de Anzoategui, dois hospitais foram destinados para o tratamento da COVID-19: O Hospital Geral Dr Felipe Guevara Rojas, na cidade de El Tigre, e o Hospital Luís Razetti, na cidade de Nueva Barcelona del Cerro Santo. Anzoategui registrou apenas oito casos de COVID-19 e nenhuma morte (até o dia 30-05). O baixo número de casos registrados indica que os dois hospitais da região não estão atendendo muitos pacientes com COVID-19. Estes dados serão, no entanto, confrontados com a atual situação dos hospitais.


No dia 11 de março, o delegado de prevenção e representante sindical do Hospital Luís Razetti, Edison Hernandez, advertiu que os trabalhadores do setor de saúde em Anzoategui não receberam nenhum tipo de instrução ou equipamento para atender possíveis casos de coronavírus no Estado. Naquele momento a Venezuela não registrava nenhum caso de COVID-19. Hernandez afirmou que os profissionais trabalham sem luvas e máscaras. Oito dias mais tarde, no dia 19 de março, o prefeito do município Simon Bolívar (Barcelona) fez a entrega de equipamentos de alta tecnologia para química sanguínea e hematologia, além de trajes de biosegurança para prevenção da COVID-19. A entrega foi filmada pelo canal estatal VTV.

O Estado sofreu com a falta do fornecimento de energia no início de maio por 70 horas. A imprensa do governo estadual, opositor ao governo Maduro, afirmou que durante estas horas não faltou água e energia nos hospitais e que nenhuma pessoa veio a óbito. Por meio do Plano de Resposta em Movimento, o governo realizou o fornecimento de água, gasolina e óleo para que as plantas elétricas se mantivessem operando em sua totalidade e que os hospitais tivessem água e energia elétrica. O governo informou também que novas baterias e plantas elétricas foram doadas para os centros de saúde. Em Anzoategui o fornecimento de água está sendo feito em grande parte por caminhões tanques. No dia 7 de maio, o governo afirmou que o serviço de energia havia retornado parcialmente, mas que o serviço de água ainda não havia sido restabelecido. No dia 18 de maio, quatro caminhões tanques com a capacidade de transportar 30 mil litros de água cada chegaram em Anzoategui para fortalecer o sistema de distribuição de água potável. O prefeito de Barcelona, Luís José Marcano, aliado ao regime de Maduro, informou que uma das unidades será disposta para cobrir a região centro-sul, de Anaco até El Tigre (onde está o hospital Dr Felipe Guevara Rojas), “especialmente para a atenção das nossas comunidades indígenas”. O prefeito afirmou que outro caminhão tanque será utilizado para abastecer os municípios da zona oeste e que os demais serão destinados aos eixos Barcelona-Urbanaje e Puerto La Cruz-Guanta” (onde se encontra o hospital Luis Razetti). Neste mesmo dia informou que o Estado recebeu mais oito mil testes rápidos.


Com o número reduzido de contaminados por COVID-19, o Hospital Dr. Felipe Guevara Rojas enfrenta outras dificuldades. No dia 22 de maio, os trabalhadores do hospital organizaram uma manifestação que pedia a saída da diretora do hospital, a Dra Yindri Marcano, acusada de corrupção relacionada a alimentos, medicamentos e o tomógrafo do hospital. A manifestação era igualmente em apoio ao médico Eddy Rojas, que trabalha no hospital há 25 anos e que seria despedido. De acordo com Rojas, Marcano assediava moralmente os trabalhadores do hospital, as enfermeiras e ele mesmo. A técnica em radiologia, Ana Karina Balbarti, também afirma que foi vítima de assédio moral por parte de Marcano e se queixa que a doutora não chamava os pacientes para a sala de cirurgia mesmo com o tomógrafo funcionando. A moradora de El Tigre, Emixia Vázquez, afirma que em um momento teve uma emergência para usar o tomógrafo, mas que a doutora disse que a situação não era emergencial. Vázquez denuncia também que medicamentos são vendidos no hospital. Yenny Aray, igualmente moradora, afirma que os medicamentos são roubados. Yindri Marcano afirmou que a venda de medicamentos fora do hospital é impossível. Qualificou os protestos como uma piada política organizada pelos trabalhadores do setor chamado oficialista, isto é, apoiadores do regime Maduro. Após os protestos, a doutora Marcano foi despedida do seu cargo. O secretário geral do Colégio de Médicos de El Tigre, o doutor Fernando Guevara, afirmou que as autoridades decidiram destituir Marcano do cargo uma vez que ela não tinha apoio político para se manter neste posto.

Por meio destas informações, é possível observar que, no momento presente, o Estado de Anzoategui não possui muitos casos de COVID-19, embora o coronavírus tenha chegado à Venezuela no dia 13 de março. O baixo número de casos é observado não apenas pelos números divulgados pelo governo, mas igualmente pelo tipo de queixa realizada a princípio pelo sindicalista do hospital e posteriormente pelos manifestantes de El Tigre. A queixa do primeiro era relacionadas a EPIs que prontamente foram atendidas e a manifestação não estava relacionada ao atendimento a pacientes com COVID-19 e sim com a suposta corrupção da diretora do hospital. Nenhuma das pessoas relata um cenário no qual o hospital está repleto de pessoas com sintomas graves da COVID-19. Neste contexto, é importante apontar que Anzoategui encontra-se protegida pela restrição do transporte interestadual. É possível observar igualmente que os hospitais contam com água e energia e que há melhorias em relação ao fornecimento de EPIs e equipamentos de alta tecnologia. Não é possível imaginar que os médicos, enfermeiros e pacientes dos hospitais citados não tenham como higienizar as mãos como propõe alguns meios de comunicação.


FONTES:

 
 
 

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