Hospitais da Venezuela: O Hospital Universitário Manuel Núñez Tovar no Estado de Monagas.
- Josué Silva Abreu Júnior
- 9 de jun. de 2020
- 5 min de leitura
Este é o quarto texto da série que cobrirá todos os 46 hospitais da Venezuela designados para atender Covid-19. Neste texto será abordado o Hospital Universitário Manuel Núñez Tovar (HUMNT), responsável por atender pacientes com Covid-19 no Estado de Monagas. Este é um dos Estados menos atingidos por Covid-19 na Venezuela. De acordo com a governadora Yelitza Santaella são apenas 4 casos, embora o site do ministério da saúde registre 5. Até o dia 1º de junho um deles já havia se recuperado e outro estava se recuperando exitosamente, de acordo com a governadora.
No dia 28 de fevereiro, 15 dias antes do registro do primeiro caso de Covid-19 na Venezuela, a Organização Panamericana da Saúde (Opas) realizou uma visita ao HUMNT buscando espaços que cumprissem com os delineamentos e normas para serem usados como salas de isolamento. No dia 4 de março foi anunciada a formação de uma equipe de prevenção à Covid-19 neste hospital. O HUMNT conta com uma área clínica para triagem respiratória adulta, triagem respiratória pediátrica, sala de isolamento adulto, sala de isolamento pediátrica, 8 ventiladores mecânicos, laboratório para análise de gases sanguíneos e serviço de raio-x. A Coordenadora do HUMNT, Andreia Centeno, afirmou que a entidade conta com pessoal capacitado na área de epidemiologia, infectologia, pneumologia, cardiologia e medicina interna. Disse também que os profissionais realizaram conversas, seminários e capacitação em relação à Covid-19. No dia 11 de março foram entregues dois equipamentos de última geração à emergência do HUMNT. Servirão para realizar exames de química sanguínea e hematologia completa.
No dia 11 de abril foram incorporados ao hospital dois eletrocardiogramas digitais, um purificador de ar, dois esfigmomanômetro, além de materiais e insumos de limpeza. O diretor do hospital, Darwin Moreno, informou que os novos equipamentos conquistados foram graças à gestão da governadora Yelitza Santaella, que pertence ao PSUV, o mesmo partido de Nicolas Maduro. Os implementos e insumos foram fornecidos pela Opas. Entre os itens estão botas plásticas, bolsas plásticas hospitalares, removedor de mancha, vassouras, luvas de látex e couro, baldes, pás, esfregador, entre outros. Os equipamentos médicos foram incorporados ao serviço de emergência, ao setor de traumatologia e à sala de isolamento para pacientes com Covid-19. Os implementos de limpeza foram distribuídos em todas as áreas de assistência médica. No dia 20 de maio foi instalada uma cabine de desinfecção no hospital.
No dia 19 de março, o dirigente do "gremio salud en Monagas" e militante do partido Voluntad Popular, Julio Molino, foi condenado a prisão domiciliar. A audiência foi realizada no Tribunal Terceiro de Control de Monagas. A "fiscal cuarta", Anlli Jiménez, foi quem imputou os delitos e solicitou a privação de liberdade. Julio Molinos foi julgado por incitação ao pânico, perturbação à comunidade (zozobra a la comunidad), incitação ao ódio e associação ilícita. Os portais opositores ao regime de Nicolas Maduro afirmam que Molinos foi detido por denunciar a precariedade do HUMNT. Estes portais, no entanto, não trazem o conteúdo das denúncias, impossibilitando a confirmação da veracidade do que foi divulgado por Molinos. No mesmo dia de manhã, a governadora Yelitza Santaella, disse que o Estado processou pessoas por difundir informação falsa em rede, por áudios e mensagens, alusivos à presença de casos positivos de coronavirus em Monagas. A governadora solicitou à população não fazer eco a nenhum tipo de rumor que possa alarmar os monagueses e que, do contrário, as medidas necessárias para impedir serão tomadas.
No dia 21 de maio, funcionários do hospital denunciaram a falta de recurso para pacientes com câncer. De acordo com os dados da pediatria obtidos pelo Portal El Pitazo, seis crianças faleceram por câncer em 10 dias. É importante observar, neste contexto, que os trabalhadores e portais de informação gozam de liberdade para denunciar as mortes por câncer. Dessa forma, estes profissionais podem igualmente denunciar mortes por Covid-19, caso estas sejam omitidas.
O estado de Monagas notificou queda de energia nos dias 2 de abril e 2 de maio, porém, não foi registrada a falta de energia no HUMNT. Este hospital já havia passado por quedas de energia em 2018 e 2019, porém, melhorou o seu sistema para se precaver de possíveis falhas no fornecimento. No dia 23 de julho de 2019, Darwin Moreno informou que cinco geradores elétricos foram instalados para garantir todos os serviços médicos à população. No dia 15 de setembro de 2019, a Corpoelec junto a Empresa de Produção Social, Bens, Obras C.A (Bosmoca) e Seviços Monagueses instalaram 516 lâmpadas econômicas (LED) no hospital. Alba Santaella, presidenta da Bosmoca, informou que a intenção é que os centros assistenciais estejam completamente iluminados e, desse modo, minimizar qualquer tipo de situações indesejadas.
Não há registro de falta de água no HUMNT no período da pandemia. Em 2017 e 2018, o hospital registrou escassez no fornecimento de água potável, porém, uma bomba foi instalada para guarnecer o hospital em momentos análogos. Assim como os demais Estados venezuelanos, Monagas enfrenta problemas no fornecimento contínuo de água potável. O governo estadual, no entanto, busca ampliar o fornecimento de água para os setores que apresentam escassez. No dia 26 de novembro de 2019, 26 poços foram reativados para atender 12 mil famílias. No dia 23 de janeiro de 2020, o poço do município de Musipan foi reativado e munido de uma bomba para atender 25 mil famílias. A presidenta da companhia hídrica, Darquis Barreto, indicou que, além da manutenção do poço, foi realizada a interconexão do poço ao banco de transformadores e a substituição dos componentes elétricos da mesa de controle. É possível observar que o Estado de Monagas tomou atitudes em relação ao fornecimento de água e energia antes que o coronavirus chegasse à Venezuela. A principal reivindicação de setores da população monaguense é relacionada à escassez de combustíveis. No dia 29 de abril estes setores saíram às ruas para protestar.
Por meio dessas informações é possível observar que o número de pacientes confirmados com Covid-19 é baixo em Monagas. Tal informação é difundida pelo governo nacional e estadual, além de não ser questionada pelos profissionais do hospital, assim como pelos portais de informação que possuem acesso ao hospital. É possível observar igualmente a circulação de fake news relacionada a casos positivos em Monagas, de acordo com a governadora do Estado e das sentenças proferidas pelo Ministério Público. O HUMNT reforçou sua capacidade de atendimento à Covid-19 antes que esta doença chegasse à Venezuela por meio da inspeção realizada pela Opas. O hospital reforçou igualmente sua disponibilidade de equipamentos de alta de tecnologia, assim como o fornecimento de EPIs e materiais limpeza. Os cinco geradores garantem o fornecimento de energia ao HUMNT durante as panes elétricas no estado e a bomba garante o fornecimento de água potável em situações de escassez.
FONTES:
http://www.correodelorinoco.gob.ve/gobernacion-instala-500-bombillos-en-hospital-central-de-maturin/
https://www.elperiodicodemonagas.com.ve/site/entregan-modernos-equipos-a-emergencia-del-nunez-tovar/
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